Capítulo 9. Prenda Ela Ou Expulse Ela
Os boatos se espalharam mais rápido do que uma epidemia, e quanto mais as pessoas falavam sobre eles, mais longe da verdade ficavam.
Rumores sobre a capacidade de Letícia de fazer pessoas diferentes terem azar tornaram-se um fato estabelecido.
“Sem sorte é a habilidade da primeira filha.”
“Ela até faz outras pessoas se sentirem mal?”
“Então fique longe dela.”
“Tente não ser visto por ela.”
Por causa dos boatos, Letícia teve que viver vários dias em confinamento, nunca saindo do quarto.
Hoje ela saiu pensando que finalmente havia acabado. Mas depois de um tempo, ela ouviu uma agitação de empregadas no corredor. Assim que os ouviu, Letícia se escondeu atrás de um pilar.
“Você não acha que deveríamos contar a ela?”
“Não interfira e fique parado.”
"Sim, ela descobrirá em breve, de qualquer maneira."
As criadas passaram agitadas e com pena da empregada encarregada de Letícia. Letícia, que ouviu toda a história por trás de seu pilar, abaixou a cabeça.
Foi só quando os passos deles desapareceram que Letícia saiu.
'Por que todo mundo está...?'
Letícia voltou para seu quarto, cobrindo o rosto com as mãos.
As únicas pessoas que ela via eram as criadas, que sempre sussurravam sobre mim, e seus irmãos, que estavam ocupados evitando-a...
Ela estava tendo dificuldade para respirar ultimamente, como se seu peito estivesse cheio de água.
'Eu não sou capaz disso.'
Letícia ainda não tinha certeza de qual era sua habilidade, mas certamente não era para fazer outras pessoas terem azar. Não, ela queria acreditar nisso.
Assim que ela entrou na sala, desamparada, ouviu uma batida na porta. Ela rapidamente abriu e viu Seios parado ali.
"O que te traz aqui……………."
Os olhos de Letícia se arregalaram, incapaz de esconder a expressão confusa em seu rosto com a visita inesperada.
“Preciso falar com você por um momento. Tem tempo?"
"Claro. Por favor entre."
Ela pediu a Mary que preparasse o chá e mostrou a Seios seu lugar.
Ela olhou para ele para ver se ele parecia desconfortável por estar com ela, mas Seos ainda tinha um belo sorriso no rosto.
Assim que Letícia ergueu os olhos novamente, seus olhares se encontraram.
“Sinto muito por ter vindo tão de repente.”
Não, só fiquei surpresa.
O chá quente foi servido imediatamente, mas Letícia apenas segurou as mãos que estavam no colo.
Seios começou a falar lentamente com Letícia, que parecia nervosa.
“É difícil com todos os rumores estranhos.”
"Estou bem…."
De alguma forma, Seios sentiu pena dela enquanto ela fazia um esforço para dizer que estava bem quando não estava.
“O que você acha dos rumores?”
"Huh?"
“Você realmente acha que tem a capacidade de causar infortúnio?”
"Eu……."
Sem saber quais eram as intenções da pergunta, Letícia manteve a boca fechada.
Outros, incluindo a sua família, já a evitavam, acreditando que ela lhes traria infortúnio. Isso a fez pensar que ela realmente tinha tal habilidade.
Mas …….
"Não."
Letícia levantou a cabeça e olhou para Seios novamente.
“Minha habilidade não foi feita para fazer as pessoas terem azar.”
Ela estava preocupada com a reação de Seios ao dizer isso, mas ainda acreditava que ele a ouviria.
Porém, por um tempo, os dois se entreolharam em silêncio. Foi um silêncio estranho e Letícia decidiu dizer alguma coisa, mas Seios estava um passo à frente dela.
"Isso é bom."
"O que?"
“Eu também não acredito em rumores tão ridículos.”
“Mestre Seios…”
“É por isso que vou descobrir do que você é capaz para corrigir os rumores errados.”
Suas palavras sufocaram seu coração e ela não conseguia falar direito. Letícia mordeu o lábio, sentindo que estava prestes a chorar.
“Obrigado, Mestre Seios………”
“Portanto, não há necessidade de viver como um pecadora. O tempo está bom, por que você não toma um pouco de ar fresco lá fora?"
Seios saiu da sala e os olhos de Letícia tremeram mais uma vez.
Letícia, que ficou sozinha, colocou a mão no peito e soltou um longo suspiro.
Ela não conseguia acreditar que havia alguém para me dizer o contrário. Seu coração estava sobrecarregado por ela não poder deixar de sorrir.
"Mary."
"Sim senhorita."
“Você pode me ajudar a me preparar para sair?”
Graças ao Seios, Letícia ganhou confiança para sair novamente.
Letícia perguntou com uma cara mais alegre e Mary assentiu com um sorriso.
~x~
Assim que Letícia saiu de casa foi até a biblioteca da praça. Pelo que ela ouviu, livros únicos e raros estavam disponíveis aqui.
Ela queria descobrir qual era sua habilidade, mas ainda não sabia como encontrá-la.
A certa altura, ela pensou que poderia encontrar a resposta nas áreas acadêmica e de conhecimento, como Levion, e que poderia estar relacionada às habilidades que seus irmãos tinham, mas ela ainda não sabia qual era sua habilidade.
Eventualmente, Letícia suspirou superficialmente e colocou o livro de volta.
'Estou sufocando….'
Todos a evitavam. Vendo que ainda sussurravam, ficou claro que já vinham conversando sobre isso há algum tempo.
‘Se o pai souber disso…………’
Assim que Letícia enlouqueceu com o pensamento, ela ficou com medo e segurou os braços com força.
Era óbvio que o pai dela, que era muito sensível ao infortúnio, não deixaria que tudo terminasse com uma bronca. Além disso, ele até a alertou para não se associar à família Aquiles.
Isso a deixou ainda mais ansiosa e assustada.
Quando ela estava prestes a sair da biblioteca, tentando se acalmar, ela avistou um rosto familiar. Assim que o viu, os olhos de Letícia se arregalaram.
"Há quanto tempo Como você tem estado?"
"Sim. Senhorita Leroy, como você está?
"Estou bem…"
Ao sorrir e cumprimentar Enoch, Letícia olhou em volta e perguntou:
"Eu não vejo seu irmão e irmã."
“Eu vim sozinho hoje.”
"Entendo…"
Enoch, que olhava para Letícia, não conseguiu esconder a curiosidade.
"O que está errado?"
"O que?"
"Você parece sombria."
"Ah, é ……"
Letícia deu um breve suspiro e apertou as mãos com uma expressão estranha. No momento em que ela olhou para cima, encontrou um par de olhos cinzentos que a olhavam com preocupação.
O calor de seu olhar a fez sentir vontade de chorar. Letícia apertou as mãos com força e falou.
“Por acaso você sabe sobre as habilidades da minha família?”
“Eu sei que tinha habilidades extraordinárias.”
"Então você sabe que eu não tenho isso?"
“Eu ouvi rumores.”
Letícia disse com um sorriso irônico, tentando manter uma expressão alegre no rosto.
“Na verdade, é por isso que minha família está tão preocupada comigo.”
Letícia sabia muito bem que isso não era verdade. Eles estavam com muita vergonha dela.
“No começo eu pensei que não era capaz, mas agora...........”
Letícia parou de falar por um momento, enquanto algo quente subia em seu peito enquanto ela falava. Felizmente, Enoch não perguntou nada, apenas a observou em silêncio.
Sentindo-se encorajada, Letícia falou devagar.
“Acho que tenho uma habilidade ruim…”
“…”
“Uma habilidade ruim?”
"Sim."
Ela poderia contar a ele?
Letícia hesitou um pouco, olhando brevemente para Enoch. Enoch ainda estava esperando por ela com um sorriso. Parecia que ele aceitaria tudo o que ela dissesse.
Estimulada por isso, Letícia exalou uma vez e respondeu.
“Minha habilidade é trazer infortúnio…”
Assim que ela respondeu, um pesado silêncio caiu sobre ela.
Ela desejou que Enoch pudesse lhe dizer algo, mas tudo o que Enoch lhe deu foi silêncio.
Letícia, nervosa com a aparência dele, disse rapidamente para se corrigir.
"Mas não! Minha habilidade não é assim!”
“…”
“Ah, talvez…”
Mesmo enquanto falava, ela não tinha certeza, e sua voz no final ficou lenta, ela começou a se preocupar com o que fazer se sua habilidade realmente fosse algo que causasse infortúnio, como sugeria o boato.
Quando Letícia abaixou a cabeça, incapaz de esconder o nervosismo, Enoch, que observava em silêncio, alisou a gola e imediatamente soltou um longo suspiro.
Foi um suspiro que de alguma forma fez Letícia se sentir sufocada.
“Senhorita Leroy.”
"Sim Sim…?"
“Não sei os detalhes, mas ouvi dizer que Deus se comoveu com as orações da família Leroy e lhes deu habilidades especiais. Isso está certo?"
"Sim está certo."
Letícia piscou os olhos azuis, sem ter certeza da súbita intenção dele de perguntar isso a ela.
Assim que seus olhos se encontraram, Enoch disse.
“Como Deus poderia dar a uma casa assim uma habilidade ruim?”
“Senhor Achiles…”
“Não acredito que você tenha a capacidade de causar azar.”
Letícia podia sentir a sinceridade na maneira como Enoch falava com olhos frios e sem um único sorriso. As lágrimas que ela segurava estavam prestes a sair e Letícia baixou suavemente os olhos.
Isso é o que ela mais queria ouvir. No entanto, eram as palavras que ela não podia dizer a ninguém.
A razão era simples. Eles pensariam que ela era patética.
As palavras de Enoch fizeram seu coração arder e seus olhos marejarem.
"Muito obrigada."
Na verdade, essas eram as palavras que ela mais queria ouvir de sua família, de seus irmãos.
A tristeza surgiu e Letícia cobriu o rosto choroso com as mãos.
Agora mesmo, neste momento, ela sentiu vontade de chorar alto.
~x~
"Irmã, você ouviu?"
Diana bebia chá sem pressa e a chegada inesperada de Irene a surpreendeu, mas Diana a cumprimentou com um sorriso alegre.
Mas de alguma forma, a expressão de Irene era sombria.
"O que você está falando?"
“Sobre a habilidade da primeira irmã.”
Irene falou com cautela.
Diana, que a observava, encolheu levemente os ombros com uma expressão indiferente.
“Eu ouvi, é claro.”
Era impossível não saber. Sua empregada foi a primeira a contar a ela sobre isso.
"O que deveríamos fazer?"
“Você se preocupa com coisas triviais.”
Diana, com os lábios levantados, recostou-se na cadeira com os braços cruzados.
"Estou aqui."
Diana era o símbolo da boa sorte na família Leroy. Como tal, ela não tinha medo da capacidade de Letícia de trazer infortúnio.
Mas Irene parecia preocupada.
“Ela ainda está andando por aí.”
Diana franziu a testa quando Irene mencionou o encontro com Letícia alguns dias atrás.
"Sim... isso é um pouco problemático, não é?"
"É sim. Não sei o que fazer, irmã.”
Irene não podia sair do quarto porque tinha medo de encontrar Letícia daquele jeito novamente, quando ela tivesse que fazer o exame para ingressar nos magos imperiais.
“Nosso pai ainda não sabe?”
"Provavelmente não. Ele tem estado ocupado com seu novo empreendimento ultimamente.”
"Então o que você vai fazer?"
“Não se preocupe com isso.”
Diana confortou Irene em tom suave, como se o infortúnio estivesse por vir.
“Falarei com frequência com o pai quando ele voltar para casa.”
“Obrigado, irmã. Mas………………."
“…?”
“O que ele fará se o pai descobrir?”
Irene perguntou, batendo os dedos na mesa. Diana riu e respondeu.
“Ele a trancaria ou a expulsaria.”
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