Capítulo 18. De Onde Vêm Os Infortúnios
"Você teve uma boa viagem?"
Enoch perguntou quando Leticia e Elle entraram na sala onde Ian e ele estavam tomando chá.
Elle encolheu levemente os ombros.
“Sim, mas não consegui terminar o trabalho.”
Ian assentiu com uma expressão de alívio por Elle não ter mostrado nenhum sinal de decepção.
“Achei que você ficaria abatido porque não conseguiu encontrar ninguém.”
"O que você quer dizer? Vou encontrar alguém."
Elle sentou-se ao lado de Ian, prometendo encontrar um artesão que certamente faria seus acessórios.
Leticia parou por um momento para rir da briga de Elle e Ian.
“Por que você está parada aí assim? Sente-se."
Elle viu Leticia parada ali sem jeito e acenou para que ela se sentasse na cadeira à sua frente.
Estava bem ao lado de Enoch.
"Oh sim…"
Letícia sentou-se ao lado de Enoch, assim que seus olhos se encontraram ela desviou o olhar timidamente.
Ela podia sentir o olhar de Enoch e olhou para frente.
'Eu me pergunto se está tudo bem se eu sentar ao seu lado?'
Ao contrário da constrangida Letícia, Enoch exibia uma expressão indiferente enquanto servia chá em uma xícara de Viena.
“Não ande muito tarde. Estou preocupado com você."
Um chá quente foi colocado na frente de Letícia.
Letícia pensou que as palavras eram dirigidas a ela, então olhou para Enoch. Mas ele estava entregando uma xícara de chá para Elle.
Quando ele olhou para ela, ela encontrou seus olhos preocupados.
“O mesmo vale para você, senhorita Leroy.”
A voz firme, porém gentil, a fez se sentir melhor, e Letícia quase sorriu de felicidade.
Ela assentiu rapidamente, tentando se conter.
“Sim, terei cuidado para não preocupar você.”
Quando Letícia disse que sim, Enoch sorriu satisfeito e bebeu chá.
Letícia olhou para ele e corou furiosamente.
Já fazia um tempo que ela não sentia alguém se preocupar com ela.
'É quentinho.'
Letícia agarrou a xícara de chá quente que Enoch lhe dera.
Uma sensação mais quente que a xícara que ela segurava floresceu em seu peito.
Estranhamente, a sensação não era desagradável.
Ela estava tomando chá enquanto contemplava aquele calor quando Ian disse.
“Pensando bem, não haverá uma cerimônia de Cavalaria Imperial em breve?”
"Isso mesmo. Você não está nervoso, irmão?
Ian perguntou como ele se lembrou de repente, Elle também olhou para Enoch.
Enoch sorriu levemente ao encarar seus olhares inquietos.
“Não estou nervoso.”
“Oh, o irmão é tão maduro.”
“Você vem conosco, certo?”
Ian perguntou a Leticia, enquanto Elle estava ocupada provocando Enoch. Embora tenha sido dito em tom questionador, soou mais como uma declaração.
Enoch e Elle também se voltaram para Letícia.
Com três pares de olhos nela, Letícia perguntou com cautela.
“Está tudo bem se eu for?”
"Claro!"
Enquanto Elle balançava a cabeça com entusiasmo, Letícia olhou para Enoch.
Enoch sorriu e acenou com a cabeça, e a expressão de Letícia iluminou-se.
“Sim, irei comemorar com você.”
Ela estava feliz só de pensar que iria comemorar com pessoas preciosas para ela.
Mas essa felicidade durou pouco, pois Letícia agarrou a xícara ansiosamente.
‘Se for uma cerimônia de nomeação de Cavaleiro Imperial…’
Ela com certeza encontraria Levion.
Letícia não percebeu, mas seu rosto ficou sombrio.
“Você disse que faria suas próprias joias para vender. Mostre-me o desenho."
"Ok, aqui está."
Elle prontamente entregou o envelope, do outro lado da mesa, ao curioso Ian.
Ian fez uma expressão estranha enquanto olhava para o papel.
“Qual é esse contrato?”
Ian perguntou, mostrando a Elle os papéis do envelope.
Dentro do envelope estavam os papéis do contrato, não o acessório desenhado por Elle.
"Huh? O que é isso?"
Elle, intrigada, olhou para os papéis e reconheceu o que eram.
Mas não importa quantas vezes ela olhasse, era um contrato, não um desenho dela.
"Sem chance…"
Assim que o pensamento passou pela sua cabeça, os olhos de Letícia e Elle se encontraram ao mesmo tempo.
Havia apenas uma possibilidade vindo à mente.
Elle imediatamente suspirou e disse.
“Acho que o envelope foi trocado com a pessoa que encontrei lá fora.”
“Agora é tarde, vamos para a cama e tentar encontrá-lo amanhã.”
Elle disse desanimada. Ian, que estava sentado ao lado dela, deu um tapinha de leve no ombro dela.
Já era tarde da noite. Elle e Ian decidiram voltar para seus quartos para dormir.
Enquanto Enoch estava saindo da sala.
“Hum…”
Enoch olhou para trás com curiosidade ao ver a voz calma chamando por ele.
Lá estava uma Letícia hesitante, que parecia querer dizer alguma coisa.
"O que está errado?"
"Não! Não é…"
"….?”
Letícia abriu e fechou a boca várias vezes antes de conseguir dizer alguma coisa.
"Ele voltou de novo?"
“….”
Ela temia que Levion pudesse ter voltado sem avisar e incomodou Enoch novamente.
O Levion que Letícia conhecia era alguém que faria isso.
Mas, por alguma razão, a voz de Enoch parecia fria.
“Você chama o nome dele confortavelmente… Você deve ter um relacionamento especial.”
“Ele é próximo da minha família desde que éramos crianças.”
A expressão de Letícia suavizou-se quando ela assentiu levemente, alheia ao comentário áspero de Enoch.
Talvez Levion fosse mais próximo e amigável de sua família, mas onde ele estava quando ela estava lutando?
Mas…
"Você está confiando em outro homem enquanto ainda está noiva dele? Aja em conjunto. Não faça de mim o vilão."
Ela era alguém mais focado nos olhos e na reputação das pessoas do que Enoch jamais esteve.
"É diferente. Não, é especial.”
Agora era um relacionamento que se rompia tão facilmente quanto o vínculo familiar.
Enoch parou de falar por um momento enquanto virava a cabeça com um sorriso amargo e então respondia baixinho.
“Ele não veio.”
"Ufa… é um alívio ouvir isso.”
Letícia deu um suspiro de alívio, disse Enoch que a observava.
“Há algo que gostaria de dizer à senhorita Leroy.”
"O que?"
Ela piscou os olhos, perguntando-se o que ele queria dizer.
Enoch não tirou os olhos dos olhos azul-celeste dela enquanto dizia.
“Não tolere alguém que te machuque ou não te dê valor.”
Os olhos negros me encararam inflexivelmente. Isso me fez endireitar as costas.
“Ninguém merece ser ferido.”
“Ah…”
Um pequeno grito saiu da boca de Letícia.
Ninguém merece ser ferido.
Foi uma coisa natural de se dizer.
Mas Enoch foi a primeira pessoa a dizer isso a ela.
"Sim."
Letícia sorriu suavemente com uma voz doce que aqueceu seus olhos.
Então ela lentamente trouxe à tona algo que a estava incomodando.
“Senhor Achiles.”
“….?”
“Eu não sou mais um Leroy, então você pode me chamar do que quiser.”
Letícia disse casualmente, mas congelou por um momento.
Falando nisso…
'Como devo chamá-lo?'
Era normal não ter sobrenome depois de ser excomungado.
Isso significava que ele a chamaria pelo nome de batismo.
Ela ficou nervosa ao pensar em Enoch chamando seu nome, mas Letícia tentou agir com naturalidade.
“Chame-me pelo meu primeiro nome, Lorde Achiles.”
Era apenas um nome e, ainda assim, suas mãos não paravam de tremer.
Uma sombra caiu sobre ela.
Ao levantar a cabeça surpresa, ela viu Enoch bem na sua frente, ligeiramente curvado na altura dos olhos.
Assim que seus olhares se entrelaçaram, Enoch abriu lentamente a boca.
"Leticia."
“….!”
“É assim que eu deveria te chamar?”
Tim, tum, tum.
O som de seu coração batendo parecia estar bem em seus ouvidos.
Enoch falou com voz suave para Letícia, que estava com vergonha de levantar a cabeça.
“Eu gostaria que você me chamasse pelo meu nome também.”
"O que? Oh…"
Seu coração parecia que iria explodir quando ele chamasse o nome dela, a ideia de chamar Enoch pelo nome a deixou nervosa.
Ela sentiu-se corar da cabeça aos pés.
Com a cabeça baixa, Letícia falou devagar com a voz trêmula.
“Você pode esperar um pouco mais?”
Enoch acenou com a cabeça com um sorriso enquanto olhava para Letícia, que torcia as mãos brancas timidamente.
“Então vou esperar.”
"Obrigada."
"Bons sonhos."
Enoch, que ela esperava que voltasse para seu quarto imediatamente, parou de repente e se virou.
Ela arregalou os olhos se perguntando se algo estava errado. A boca de Enoch se ergueu em um sorriso agradável, então ela ouviu a voz dele.
"Leticia."
Ele disse o nome dela gentilmente antes de retornar ao seu quarto.
Letícia ficou sozinha no corredor observando-o se afastar. Ela respondeu com uma voz baixa que Enoch não conseguiu ouvir.
"Sim boa noite…"
Enoch.
O nome que ela não conseguiu pronunciar ainda fazia cócegas em sua boca.
~x~
"O que? Você a excomungou?"
Ao retornar à mansão Leroy, Seios ouviu notícias chocantes do Marquês Leroy.
Letícia foi expulsa da família.
Assim que Seios ouviu a notícia, sua voz tornou-se severa.
“A habilidade dela não é trazer infortúnio! Se fosse, sua família já estaria arruinada, você não teria prosperado!”
“Foi por uma boa razão.”
"Razão?"
Foi tão ridículo que Seios caiu na gargalhada.
“Que grande razão você teve para excomungar aquela criança?”
“Aquela criança teria arruinado a mim, aos meus filhos e à minha família.”
A expressão de Seios endureceu com as palavras do Marquês.
Parecia que o Marquês Leroy já havia se decidido.
"O que gostaria que eu fizesse? O comportamento dela traria infortúnio.”
“Mestre Leroy.”
“Até passando um tempo com aquela família de Achiles, famosa pelo azar.”
Deve ser a razão pela qual um investidor desistiu repentinamente e o Marquês teve que parar de trabalhar num dos seus negócios.
Seios ouviu a história do Marquês Leroy com o rosto inexpressivo.
“Você está culpando Letícia pelo que aconteceu?”
“Que outro motivo poderia haver?”
“….”
“Desde que Diana nasceu nada de ruim aconteceu. Ou o poder da primeira filha realmente traz infortúnio, ou ela era muito próxima da família Achiles.”
O Marquês Leroy era mórbidamente obcecado pela sorte e pela boa sorte. Devido a esse fato, sua linhagem familiar estava prestes a cair drasticamente.
Seios sabia que não estava errado.
“Juro pelo meu nome. A habilidade dessa criança não traz infortúnio.”
Ele ainda não sabia qual era a habilidade dela, mas tinha certeza de que era uma habilidade extraordinária.
Mas o Marquês Leroy nem fingiu ouvir.
Seios estava prestes a bater no peito de frustração com a visão.
Houve uma comoção repentina fora da sala.
“Isso não pode ser verdade! Tenho certeza que entreguei minhas provas!”
O Marquês Leroy reconheceu imediatamente a voz de Irene. Ele deu um pulo e saiu.
Ao sair, viu Irene e um membro da equipe da Academia de Magia parados na porta da frente. Ele se aproximou lentamente e o som da conversa ficou mais claro.
“Infelizmente, não temos escolha a não ser desqualificá-la.”
“Ah, isso é ridículo! Eu mesmo vou procurar!”
A única razão pela qual o funcionário da Academia Mágica visitou foi para informar Irene sobre sua desqualificação.
Incapaz de acreditar, Irene acompanhou o funcionário de volta à academia para procurar o papel.
“O que está acontecendo de repente?”
"Não sei."
‘Espero que não seja grande coisa’, pensou a família.
"Mestre! Há problemas! O Jovem Mestre!”
Assim que Irene saiu da mansão, o cavalariço correu até o Marquês Leroy com uma expressão de pânico no rosto.
O Marquês Leroy sentiu um forte pressentimento.
“Qual é o problema?”
"O jovem mestre Xavier caiu do cavalo e ficou ferido.”
"O que? Não pode ser!
Todos na mansão sabiam que Xavier era bom com a espada e sabia andar a cavalo.
Mas ele caiu de um cavalo?
O Marquês Leroy correu para o quarto de Xavier com o rosto pálido.
Seios o observou sair com um suspiro suave.
‘Ouvi dizer que a marquesa sofreu uma queimadura outro dia e que sua segunda filha machucou o pulso.’
Por que tantas coisas ruins acontecem de repente?
Seios estalou a língua, mas então seu rosto enrijeceu.
'Quando isso começou?'
Há quanto tempo esse azar inacreditável estava acontecendo com a família Leroy?
Ele pensou lenta e calmamente, um por um, até chegar a um fato.
'Foi quando tudo começou.'
Nada de bom aconteceu desde que Letícia foi excomungada da família.
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