Capítulo 13. Se Não Houver Lugar Para Voltar
Havia um amor que ela não poderia ter, mesmo que lhe desse tudo. Para Letícia, o amor de que ela falava era de família.
‘Foi assim que acabou…’
Ela não apenas foi expulsa da mansão Leroy, mas também foi rejeitada por sua família. O fato de tudo isso ter acontecido em um dia ainda a entristecia, ela ainda não conseguia acreditar.
Letícia, que vagava sem saber para onde ir, perdeu as forças nas pernas e desmaiou. Assim que ela se sentou sem fazer barulho, ela entrou em desespero.
'Você é uma idiota.'
Seus olhos estavam ardendo porque ela era tão patética. Mais uma vez ela estava se lembrando do momento em que foi rejeitada.
Ela queria dizer alguma coisa. Não, ela tinha que dizer alguma coisa.
Porém, Letícia não pôde dizer nada, pois seu pai e irmãos mais novos lhe deram as costas, como se não quisessem mais vê-la.
Ela só conseguia olhar para as costas deles enquanto eles se afastavam.
Só então ela percebeu que não significava nada para sua família. Não, na verdade ela era uma dor da qual eles mal podiam esperar para se livrar.
Ao mesmo tempo, seu coração desmoronou mais uma vez ao perceber que nada que ela pudesse dizer faria diferença.
A miséria e a tristeza sentidas naquele momento a estrangulavam. Letícia, que acabou fugindo da mansão, se viu vagando pelas ruas.
'O que eu deveria fazer agora…'
Ela mordeu o lábio enquanto olhava para a palma da mão, ela a arranhou quando caiu.
Ela estava tão infeliz que nem conseguia chorar. Ela não tinha para onde ir e ninguém para ajudá-la.
Letícia tentou acalmar seus sentimentos complicados e enxugar o sangue da palma da mão com um lenço. Assim que encontrou o formato de um trevo de quatro folhas no fundo, lembrou-se de uma voz profunda que penetrou em seus ouvidos.
"Este é meu amuleto da sorte."
"É muito precioso para mim, então, por favor, cuide bem dele para mim."
“Ah, isso é…”
Era o lenço que ela recebeu da última vez que encontrou Enoch.
'Não posso acreditar que essa coisa tenha sorte.'
Letícia riu impotente.
Era um lenço que ela mesma havia feito, mas não era um lenço muito bonito, com muitos pontos para fora.
Ela ficou grata a Enoch por dizer que aquele lenço era um presente de sorte, mas não acreditou nele.
Ainda assim, ela ainda queria segurá-lo.
‘E se… Se realmente for um item de sorte’
Você não pode me dar essa sorte também?
'Não, eu tenho que descobrir sozinha.'
Ela foi expulsa tão de repente que não conseguiu fazer nenhum plano, mas precisava de um lugar para ficar esta noite.
‘Eu também tenho que pensar no que fazer no futuro.’
Segurando o lenço com força na mão, Letícia soltou um longo suspiro e levantou-se novamente.
Foi então que ela sentiu um olhar desconhecido sobre ela.
O olhar que ela sentiu no momento em que decidiu passear novamente a fez parar no meio do caminho.
Deve haver alguém olhando para ela.
'Quem é?'
'Por que'
Letícia conseguiu se equilibrar e começou a andar devagar. Ela estava ficando mais fria a cada passo assustador que dava.
Então ela ouviu passos vindo atrás dela.
Quando ela caminhou um pouco mais devagar, os passos atrás dela diminuíram a velocidade. Quando ela andou um pouco mais rápido, eles ficaram mais rápidos também.
O coração de Letícia afundou. Ficou claro que alguém estava andando na mesma velocidade e batendo que ela. Ela não teve confiança para olhar para trás, então cerrou os punhos e avançou sem olhar para trás.
'Primeiro, vamos onde há mais pessoas e luzes brilhantes.'
Letícia, que caminhava rápido, começou a correr. Se ela parasse, seria pega por seu perseguidor.
'Por favor por favor por favor…!'
Ela não conseguia mais se esconder e suas pernas estavam enfraquecendo, mas ela não conseguia parar.
'Alguém me ajude.'
Letícia estava com tanto medo que sentiu que poderia desmaiar a qualquer momento.
Ela se esforçou para continuar correndo o máximo que pudesse.
'Qualquer um está bem. Por favor me ajude!'
Estou bem com qualquer um.
"AH!"
Letícia correu para um beco e deu de cara com um homem que vinha do outro lado. Ela bateu nele com tanta força que caiu para trás.
Assim que ela estava prestes a se levantar.
"Desculpe. Você está ferida…. Senhorita Leroy?
Letícia rapidamente levantou a cabeça ao ouvir a voz familiar. Ela piscou os olhos azuis em descrença.
“Senhor Achiles…?”
Parecia mentira. Leticia levantou-se como se tivesse sido beliscada, perguntando-se se estaria sonhando.
"Isto é real…?"
"Sim?"
“Você é o verdadeiro Achiles?”
A maneira como ela olhou para ele com uma expressão meio atordoada parecia de alguma forma desesperada. Ela parecia prestes a chorar se ele dissesse não.
Enoch, que estava contemplando aquela visão maravilhosa, assentiu levemente.
“Sim, é Enoch Achiles.”
“Você é realmente, realmente, realmente Lorde Enoch Achiles?”
“Sim, sou o verdadeiro Enoch Achiles.”
Embora Letícia tenha repetido a mesma pergunta várias vezes, Enoch respondeu com calma, sem demonstrar qualquer sinal de desagrado. Letícia deu um suspiro de alívio e murmurou baixinho.
“Haaa…. Estou feliz, estou feliz."
"Aconteceu alguma coisa?"
O cabelo rosa de Letícia estava desgrenhado por causa da correria apressada. Ela respirava irregularmente e sua incapacidade de focar em um único ponto, seus olhos vagando de um lugar para outro, pareciam um tanto inquietantes.
Letícia respondeu lentamente à pergunta preocupada de Enoch.
“Oh, isso é… alguém estava me perseguindo.”
“Por favor, fique atrás de mim por um momento.”
Enoch rapidamente ficou na frente de Letícia e examinou os arredores.
Felizmente, ele não viu ninguém suspeito.
“Parece que eles se foram.”
"Eu acho que sim. Isso é um alívio. Ah!”
Ela finalmente se sentiu aliviada, mas então sua mão começou a arder. Letícia abaixou rapidamente a cabeça para verificar sua mão e soltou um breve suspiro.
Ela agora podia sentir a dor da queda.
"Você está machucada?"
"Não é nada. Tudo o que preciso fazer é limpar o sangue.”
Letícia rapidamente apertou sua mão e tentou limpá-la com o lenço. Enoch foi um passo mais rápido.
"Está escuro. Vou levá-la para a mansão Leroy.”
Enoch disse, enquanto lentamente enrolava o lenço na mão dela, tomando cuidado para não machucá-la mais. Estranhamente ela nunca respondeu.
Quando ele olhou para cima, encontrou um par de olhos azuis cheios de lágrimas. Seus lábios tremeram com algo a dizer, e logo ele ouviu uma voz baixa.
“Não posso ir… Não, não posso ir…”
“…?”
“Bem… eu… eu… ugh…”
Ela não conseguia pronunciar as palavras corretamente, como se uma grande pedra estivesse alojada em sua garganta. Tentando conter as lágrimas, Letícia falou baixinho.
“Fui expulsa.”
"O que?"
“Não há lugar para onde eu voltar, Lorde Achiles.”
Letícia não tinha certeza se conseguiria encará-lo, então balançou a cabeça assim que terminou de falar.
'Você deve achar que sou patética.'
Talvez ele estale a língua comigo por ter sido abandonado pela minha família. Então Letícia evitou o olhar de Enoch sobre ela e agarrou seus dedos.
Ela esperou que ele a desprezasse, mas nenhuma palavra saiu da boca de Enoch.
A ansiedade de Letícia aumentou. Ela estava tentando criar coragem para olhar para cima, quando Enoch tirou a mala de suas mãos.
“Senhor Achiles?”
Letícia ergueu a cabeça surpresa e tentou pegar a mala de volta. Enoch sorriu levemente e gentilmente afastou as mãos de Letícia.
“Estou feliz, no entanto.”
"O que?"
“Que você não está gravemente ferido ou em perigo.”
Enoch deu um suspiro de alívio enquanto falava.
Letícia estava segura agora que o encontrou, caso contrário ela estaria vagando sozinha tarde da noite.
“Que tal ficar na minha mansão, se você não se importa?”
"Mas…"
“Gostaria que você descansasse um pouco, mesmo que seja apenas por um dia.”
Letícia tocou o lenço enrolado em sua mão e considerou a oferta dele.
“Então, por favor, Lorde Achiles.”
~x~
Quando chegaram à mansão de Achiles, Elle e Ian ainda estavam acordados e conversando. Assim que avistaram Leticia, que havia chegado no meio da noite, eles se aproximaram dela com uma expressão de surpresa no rosto.
“O que você está fazendo aqui a esta hora?”
"Isso é…"
“Há uma razão para isso.”
Enoch respondeu pela problemática Letícia. Eles pareciam querer perguntar o que estava acontecendo, mas Elle e Ian simplesmente assentiram, sem dizer nada, e voltaram para seus quartos.
Só então Enoch levou Letícia ao quarto de hóspedes.
O quarto parecia limpo e arrumado. Letícia sentiu-se aliviada por poder ficar aqui esta noite. Ela abriu a boca com uma expressão de vergonha.
“Sinto muito… No meio da noite…”
Por um lado, Letícia sentiu-se envergonhada por Enoch ter testemunhado o estado em que ela se encontrava após ser expulsa. Por outro lado, ela se sentiu grata por Enoch estar disposto a acolhê-la.
"Você deve estar cansada. Você deveria descansar um pouco esta noite.
“Obrigado, Lorde Achiles.”
"E."
“….?”
Enoch colocou cuidadosamente a mala de Letícia no chão e se aproximou dela.
“Se você não tem outro lugar para ir, pode ficar aqui por um tempo.”
"O que?"
“Você pode ficar o tempo que quiser.”
Ele não queria fazer Letícia passar por algo tão perigoso como hoje.
Ao ver sua mão machucada, Enoch não quis que ela ficasse sozinha.
"Mas ainda sim…"
Letícia parecia hesitante, preocupada por estar sendo um incômodo.
Enoch sorriu suavemente para Letícia.
“Vamos conversar sobre isso amanhã, depois que você descansar.”
Enoch disse a ela para dormir rapidamente e saiu do quarto.
Assim que a porta se fechou, ela suspirou e sentiu a tensão sumir de seu corpo.
'Obrigada.'
Eu não consegui acompanhar.
O segredo era não pensar muito profundamente no futuro agora, porque não havia para onde ir.
Letícia colocou a mala ao lado da mesa e deitou-se na cama, fraca. O fato de ter passado menos de um dia desde que tudo isso aconteceu era ao mesmo tempo desconcertante e complicado.
‘O que devo fazer agora…’
Tentei fechar os olhos, mas foi uma noite sem dormir.
~x~
Foi um dia particularmente ensolarado.
Levion, que estava preocupado com o incidente do início da semana, planejava visitar a mansão Leroy e levar Letícia para comprar uma fita nova. Quando ele estava prestes a sair, ele encontrou uma pessoa inesperada.
Foi o Marquês Leroy.
O Marquês Leroy ficou feliz por ter encontrado Levion e fez com que ele o acompanhasse ao escritório do Marquês El. Lá ele contou uma história chocante.
"O que você quer dizer? O que você quer dizer com ela foi excomungada?
Ele o ouviu corretamente da primeira vez, mas não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Com um rosto pálido, ele perguntou novamente.
“Você expulsou Letícia?”
O Marquês Leroy acenou com a cabeça decisivamente, como um tiro de confirmação.
"Eu não tive escolha."
“No entanto,… Onde está Letícia agora?”
"Não sei."
"Marquês!"
Levion ergueu a voz e saiu com um suspiro forte.
Ele mesmo a encontraria.
"Espero que entenda. Ainda somos como uma família.”
O Marquês Leroy encolheu levemente os ombros enquanto o Marquês Elle tentava desculpar o mau comportamento de seu filho.
“Está tudo bem, está tudo bem. Eu entendo tudo. Pensando bem, você já conversou com seu filho?"
“Sobre o noivado com sua segunda filha? É o momento certo para fazer isso.”
O Marquês Elle respondeu, enquanto tomava um gole de chá.
Agora que Levion está fora da sala, os dois homens concordaram em marcar a data do noivado em breve.
Depois de alguma conversa fiada, o Marquês Leroy largou o chá pela metade e levantou-se.
"Eu tenho que ir. Tenho algum trabalho a fazer."
“Ouvi muito sobre o seu negócio ultimamente. Parece estar indo bem.”
“Bem, acho que tenho sorte.”
O marquês de Leroy disse ao amigo que o veria novamente em breve, saiu da casa dos El e subiu na carruagem.
'As coisas estão indo bem atualmente.'
Assim que reiniciou um negócio que antes tinha de suspender, aristocratas de todas as idades começaram a mostrar interesse. O Marquês Leroy teve um bom pressentimento de que esse negócio teria sucesso, os cantos de sua boca começaram a se curvar em um sorriso.
Foi quando…
A carruagem sacudiu para o lado e parou.
"O que está acontecendo?"
O Marquês perguntou com raiva, o cocheiro conseguiu balbuciar uma resposta.
“Bem… isso é… a roda quebrou de repente…”
"O que?"
O Marquês Leroy desceu rapidamente da carruagem e verificou o volante. Como disse o cocheiro, a roda estava quebrada e muito danificada para continuar a ser usada.
“Como isso aconteceu com uma roda que estava boa?”
O Marquês soltou um suspiro irritado e chutou a roda quebrada.
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